1 minute gesture (2013)- Trio
Sinopse
1 minute gesture é um projecto coreográfico de Dança Contemporânea inspirado no universo de obras da pintora portuguesa Paula Rego. O fio condutor é a fisicalidade das suas figuras femininas na série Mulher-Cão e na série de Mulheres-Avestruzes. É um trio composto por uma bailarina criadora, um bailarino- ator e uma atriz-bailarina. Temos a partida, mas não um destino certo. Cria-se assim uma obra que cruza a plasticidade com teatralidade, apresentando-se em forma de coreografia. É na relação com o espaço cênico, com a gestualidade, com a música e com a paisagem sonora que se constrói o espetáculo.
Criação, coreografia, figurino e direção: Maíra Santos
Colaboração: movimento e dramaturgia: Laura Gonçalo & Alexandre Tavares Intérpretes: Alexandre Tavares, Laura Gonçalo & Maíra Santos
Máscara : Laura Gonçalo
Trilha Sonora: Mike Vargas, Thanasis Papakonstantinou, Projeto Axial
Som: Maíra Santos
Duração:40 min Faixa etária: 10 anos Tema
Paula Rego, herdeira da tradição de pintura do pós-guerra, supera inúmera limitações formalistas. O seu trabalho vai além da superfície da pintura. Nas suas obras sobressaltam uma narrativa subjetiva, e assim, Paula denuncia, critica, revela e desvela a crueldade da vida e seus paradoxos. Este projeto teve como proposta a realização de uma Composição em Dança a partir do estudo das obras da pintora Paula Rego. O fio condutor para 1 minute gesture (2013) foi o estudo da fisicidade das suas figuras femininas, na série Mulher-Cão e na série de Mulheres-Avestruzes, procurou-se exaltar e buscar as linhas de força de cada intérprete. Pretendeu-se também a criação de partituras, movimentos novos e ações, a partir da fragmentação das imagens das pinturas selecionadas, sua desconstrução e reconstrução, repetidamente, construindo a dilatação de um momento, a ponto de dar um novo sentido estético ao material visual, uma nova poética, criando um novo espaço e tempo.
Com a série de Mulher-Cão (1994), a pintora assimilou uma estranha história tradicional portuguesa, de uma mulher velha que come os bichos todos que tem em casa: “Quando o vento soprava, a mulher ouvia a voz de uma criança na chaminé, que lhe dizia para matar todos os animais. Enlouquecida pelo vento, a mulher põe-se de cócoras, abre a boca e engole todos os animais”. Nessa série Paula Rego mostra mulheres solitárias e de aparência feroz, mostra também uma ligação visceral ao corpo e uma ligação a terra. Ao passo que na série Mulheres-Avestruzes o que ocorre é o oposto disso, voltando-se para aspirações espirituais e para leveza. Para a pintora ser “Mulher-Cão” não é necessário ser oprimida; Rego afirma que nestas imagens “todas as mulheres são mulheres- cão, não oprimidas mas poderosas”.